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sábado, 18 de agosto de 2012

SÉRIE DOS GENOCÍDIOS: Os Esquadrões da Morte de El Salvador


"Cuidem deste arcebispo, destes Jesuitas, destes outros padres e especialmente destes estrangeiros que estão arruinando a mente de nossas crianças. E se vocês gringos querem ajudar os comunistas e cortar ajuda militar, nós não precisamos de ajuda militar em 1932. E se nós tivemos de matar 30 mil em 1932, nós mataremos 250 mil hoje. - Roberto D'Aubuisson em um discurso a seus partidários da ARENA.



 Roberto D'Aubuísson foi um major Salvadorenho. Treinado em comunicações pela Escola das Américas (a dizer, Escola de Assassinos) e anticomunista de carteirinha, ele fundou o Partido ARENA - Aliança Republicana Nacionalista - para servir de contraponto á crescente guerrilha de esquerda no país centro-americano.

Mas ele é mais lembrado por outras coisas:


D'Aubuisson é considerado o fundador de vários Esquadrões da Morte Salvadorenhos. Milhares de Salvadorenhos acusados de serem comunistas ou de servirem de base para militância social subversiva foram torturados e assassinados de forma truculenta por grupos renegados dentro do exército. Os Esquadrões da Morte receberam patrocínio principalmente dos grandes latifundiários, e durante toda a sua existência militares de patentes altas e médias foram cruciais em suas atrocidades.

 O próprio D'Aubuisson participava de torturas - e vários prisioneiros políticos o chamavam de Major Soplete (Major Maçarico) - graças ao intenso uso dele de Maçaricos (de fogo) nas sessões de tortura.

 Ainda assim, D'Aubuisson conseguiu forte apoio de vários americanos -em especial do Senador Jesse Helms, um conservador lembrado por se opor violentamente a progressos em relação a negros, gays e mulheres.

Ele também foi acusado de matar Monsenhor Oscar Romero, um membro do clero católico. El Salvador era extremamente pobre e católico, e até setores mais conservadores da Igreja se botavam ao lado dos pobres contra a truculência do governo.

 Oscar Romero se tornou politizado após Rutilio Grande, um outro padre, ser morto em uma emboscada com outros dois membros da paróquia e uma criança de 7 anos. Grande havia denunciado que os cachorros dos latifundiários comiam melhor que os camponeses e defendia que eles formassem cooperativas. Sua morte tornou Romero extremamente solidário com os pobres. A maioria dos outros bispos o acusavam de ser politizado. Ele era uma das poucas vozes de oposição - se não a única - que não podiam ser censuradas, tamanha sua popularidade. Ele escreveu uma carta para Jimmy Carter implorando que os EUA parem de vender armas ao exército salvadorenho "pois elas estão matando meu povo".

 A oposição de Oscar Romero, se destacou, e ele foi morto por isso. Enquanto estava em uma missa. Graças a conversas gravadas, há um consenso geral do envolvimento de D'Aubuisson em sua violenta morte, inclusive de que ele teria feito uma rifa para dar dinheiro ao colega que o matasse primeiro, mas ele morreu antes que pudesse ser julgado. Um dos slogans de D'Aubuisson era "Sea un patriota, mate un cura" (Seja um patriota, mate um padre).



De fato, se você acha que certos conflitos entre direita e esquerda no Brasil foram violentos nos anos 60, você nunca esteve em El Salvador durante a Era Reagan. Neste período, a Nicarágua tinha se tornado Revolucionária e os comunistas salvadorenhos se armavam na Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) para repetir o Sandinismo em El Salvador.

Mas os problemas vieram muito antes dos anos 70. El Salvador, um país centro-americano, era absolutamente agrícola e sua política era dominada por Barões do Café que agiam como Senhores Feudais. Em 1932, Agustin Farabundo Martí, um sindicalista membro do Partido Comunista Salvadorenho, liderou uma revolta de fazendeiros indígenas contra Maximiliano Hernandez. General do exército, Hernandez tinha chegado ao poder via golpe em 1931 e mantinha uma forte admiração pelo crescente fascismo na época. A revolta teve amplo apoio popular, mas foi esmagada de forma violenta pelo governo. 30 mil rebeldes foram massacrados. Considerando o tamanho do país, somado ao fato de que era agrícola (logo, sem grande população) e que países tinham pequenas populações na década de 30, foi quase um genocídio.

Hernandez foi derrubado em 1944. Se refugiou em Honduras, onde foi morto pelo seu motorista, filho de um dos muitos mortos pela sua revolta.

Farabundo Martí, morto na revolta, se tornou a principal inspiração para a FMLN - que era simplesmente uma união entre várias outras guerrilhas e organizações de esquerda, incluindo o PC Salvadorenho.

 

Por um lado, o FMLN apoiado por Cuba Revolucionária e Nicarágua Sandinista. Por outro, os militares e Esquadrões da Morte de El Salvador e o apoio milionário que eles recebiam dos EUA. A guerra civil tinha começado.

Romero não foi o único missionário a sofrer por sua defesa dos pobres. Quatro freiras americanas trabalhando em El Salvador - Maura Clarke, Ita Ford, Dorothy Kazel e Jean Donovan - foram sequestradas por membros de esquadrões da morte. Seus corpos mutilados e com indicios de violência sexual foram encontrados mais tarde.

O acontecimento causou furor nos Estados Unidos, embora Jeanne Kirkpatrick - secretária da admnistração Reagan - tenha dito na ONU que essas freiras eram "ativistas políticas". Kirkpatrick, uma sionista de carteirinha, tinha sido crucial no apoio de Reagan a violentas ditaduras anticomunistas no Terceiro Mundo.





Crimes horríveis, sem duvida. Mas preparem seus corações e seus estômagos porque o pior está por vir: El Mozote

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Em 1981, o Batalhão Atlacatl - uma unidade do Exército Salvadorenho, entrou no vilarejo de El Mozote. Massacrou centenas de pessoas, a maioria mulheres e crianças. Entre 200 e 1000 pessoas foram mortas, geralmente por decapitação.

O Batalhão era treinado pelos Estados Unidos, via a Escola das Américas. E agiu por ordens diretas do seu Comandante, o Coronel Domingo Monterosa



Como o conflito era extremamente danoso para a direita radical na América Central e as notícias do massacre iriam minar a credibilidade do regime salvadorenho, a administração Reagan tratou de negar o massacre e considerá-lo produto de "propaganda dos comunistas". Porém, a medida que eram achadas mais ossadas e a medida que as investigações foram avançando, não restou dúvidas - foi o Exército.

Este naõ foi o último crime do Batalhão. 9 anos depois eles mataram 6 padres jesuítas, a empregada deles e a filha dela. Nos anos 90, com os acordos de paz entre o governo e o FMLN, o Batalhão foi finalmente extinto.

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Contando com forte apoio popular e possuindo uma força militar considerável, o FMLN continuou guerreando. Chegou a controlar 1/4 do país e parte da capital. Porém, decidiram negociar com o governo. Os acordos trouxeram o fim aos Esquadrões da Morte, aos massacres e a violência e trouxeram justiça e - embora El Salvador continue sendo muito miserável - a Paz. O FMLN depôs as armas e se tornou Partido político. Em 2009, graças ao tamanho apoio popular (em parte, adquirido dos anos de luta guerrilheira) o FMLN ganha as eleições e se torna novo governo do país.

A epopéia de El Salvador nos ensina algumas coisas. Primeiramente, Stálin estava certo. Não se pode ter pena de inimigos da Revolução. Certo, ás vezes nós, comunistas, somos cruéis, mas nós precisamos ser cruéis - se formos molengas acabaremos tendo problemas com gente mais cruel e mais violenta ainda. É preferível uma só Polícia Secreta mandando assassinos e bandidos para Gulags do que centenas de Esquadrões da Morte executando inocentes por diversão. O melhor direitista radical é aquele morto e enterrado de cabeça pra baixo com formigas e vermes na boca.

Baseado em informações de The Red Phoenix.

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