Primeiramente, vamos aos antecedentes:
Joseph Kony é o líder de uma milícia africana - o Exército de Resistência do Senhor (ERS ou LRA em inglês) que opera em Uganda. Ele está no topo da lista de criminosos internacionais por sequestrar crianças e forçá-las a lutar por ele (e muitas meninas são estupradas). Desde 1987, Kony mata sem dó nem piedade.
A ONG americana Invisible Children recentemente tem feito uma campanha internacional para ajudar a prender o Joseph Kony. Eles dizem que, se todo mundo conhecê-lo como todo mundo conhecia Bin Ladden antes do mesmo ser capturado, fica mais fácil fazer justiça. Essa Campanha é conhecida como Kony 2012 ou #StopKony e tem recebido apoio de famosos como Justin Bieber, Rihanna, Bill Gates, Kim Kardashian e Bono Vox. Há quase 200 mil likes na página oficial do Facebook.
Eu apoio as crianças africanas como qualquer pessoa com o mínimo de decência. Acredito que Kony é um bandido, um assassino, um maníaco responsável por trazer sofrimento a muita gente e desejo o pior para ele.
Mas não vou entrar nessa onda.
E eis porque:
1 - A Invisible Children, ONG responsável pela campanha, além de ser há muito tempo acusada de fazer mal uso do dinheiro arrecadado, também não critica o Exército de Uganda, nem o Exército de Libertação Popular do Sudão (SPLA) - ambos movimentos armados contrários ao ERS, mas que fazem igualmente atrocidades.
2 - Kony não tem probabilidade nenhuma de vencer o conflito. O ERS luta contra o governo de Uganda desde 1987 e nunca conseguiram nada além de destruir e destruir. Hoje são um bando de malucos armados sem base social nem apoio internacional e muito menos popular. Ao contrário de Bin Laden, todo mundo sabe aonde ele está, então a questão não é se o ERS será destruído, mas quando será destruído.
3 - Não se prende um criminoso internacional "curtindo" no Facebook. E a maiora das pessoas que curtem ou compartilham essa campanha no Facebook são jovens que querem fazer modinha ou pessoas que não dão a mínima para as crianças africanas ou nunca fizeram nada relevante a favor delas.
Aqui os fundadores da Invisible Children posando armados com militantes da milícia sudanesa SPLA. Ou o perfil dos filantrópicos mudou ou alguma coisa não cheira bem nessa ONG.
Enquanto isso, ninguém liga para as crianças da Líbia e Afeganistão. O dia em que houver uma campanha no Facebook chamada NATO2012 ou #StopNATO, então pode ter certeza que eu vou apoiar. As crianças de Uganda já sofreram muito e ainda sofrem, mas tenho muitas esperanças de que isso tudo irá acabar em breve. Não se pode dizer o mesmo da Líbia.
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