Com uma
guerra levada á cabo contra a Líbia, seu povo e seu governo, que destrói as
infraestruturas de um país soberano, era de se esperar que os ditos
progressistas (a esquerda comunista e não-comunista) se levantassem com gritos
de raiva contra a OTAN. Era de se esperar protestos internacionais contra a
agressão aos líbios. Era de se esperar pessoas pelo mundo trajando roupas e o
tecido verde da Jamahirya, gritando “Morte á América” e “Yankee Go Home!”.
Não vou dizer
que não aconteceram atos assim – mas me entristece saber por que não foi um
evento de escala gigantesca.
Como sabemos,
o Oriente Médio e o Norte da África estava fervilhando na “Primavera árabe” e
quando os protestos na Líbia começaram em Fevereiro de 2011 muitos ditos
esquerdistas – vendo o “povo” derrubando os ditadores do Egito e da Tunísia –
acreditavam que iria ser uma espécie de revolução radicalmente
anti-imperialista e antissionista.
E, assim, a
Grande Traição começou. Durante a Guerra Fria, mesmo a esquerda soviética e
cubana ajudando Gaddafi e sua Revolução, a esquerda do Século XXI não foi assim
tão gentil. Conheçam os Nem-Nem.
Eu
sinceramente não sei quem teve a idéia maravilhosa de denominar esses idiotas
úteis como Nem-Nem. Está muito presente em sites de língua castelhana que
defendem Gaddafi, onde são denominados Ni-Ni.
O termo
Nem-Nem vem de uma frase muito interessante.
“Nem com
Gaddafi, Nem com a OTAN – Com os rebeldes!”
Esta é uma
frase interessante, porque faz parecer que a guerra na Líbia tinha três lados
envolvidos:
1 - Os que
apoiavam Gaddafi.
2 - Os que
lutavam contra Gaddafi.
3 - A OTAN,
que queria se aproveitar da situação.
Isso NÃO é
verdade. Os que lutavam contra Gaddafi estavam do lado da OTAN e vice-versa.
Eu não vivi
durante os anos 90 e só recentemente fui entender melhor sobre Kosovo. Mas uma
das primeiras guerras da OTAN contra um país soberano foi contra a Sérvia.
As guerras
recorrentes da dissolução da Iugoslávia lembram muito a guerra na Líbia.
Particularmente o conflito de Kosovo. A OTAN atacou um país soberano (a Sérvia)
e, utilizando-se de meios de comunicação espalhou pelo mundo supostas
atrocidades cometidas pelo inimigo. E muitos esquerdistas defenderam o ELK.
O ELK –
Exército de Libertação de Kosovo – foi uma milícia de albaneses étnicos que
lutavam contra os Sérvios em Kosovo (região histórica disputada entre Sérvia e
Albânia). Cometeram inúmeras atrocidades contra sérvios e albaneses que não
queriam colaborar. Além disso, tinham inúmeros negócios no submundo do crime,
incluindo tráfico de drogas, armamentos e até mesmo de órgãos de soldados
sérvios mortos e capturados. Por estarem lutando contra a Sérvia – inimiga da
OTAN na guerra – logo se tornaram aliados da OTAN.
Ainda assim,
o ELK foi defendido por inúmeros ciclos “marxistas” – aparentemente errados na
interpretação do “direito das nações á autodeterminação” – não se cansavam de
defender esses bandidos, mesmo indiretamente (quando falavam que o povo de
Kosovo deve decidir seu destino – quase a mesma coisa que “vamos defender o
ELK”)
A Líbia foi
igual. Aqui mesmo no Brasil, qualquer um que visite o histórico do PCO –
Partido da Causa Operária, agremiação trotskista radical, sectária e o menor
partido legalizado do Brasil, vai ver muitos artigos defendendo os
“Revolucionários líbios” antes, durante e depois da intervenção da OTAN.
Não sei por
que isso aconteceu. Talvez porque Saddam
Hussein do Iraque enfrentou os americanos diretamente – os americanos não
precisaram do uso de supostos “democratas revolucionários”, na verdade idiotas
úteis, para fazer seu jogo sujo (na verdade, usaram sim, mas eles foram
instalados no governo sem precisarem lutar diretamente contra Saddam em uma
guerra – esperaram sentadinhos os soldados americanos matarem e morrerem para
depois subirem ao governo).
Mas de uma coisa eu
sei: este papel da esquerda mundial foi simplesmente miserável. Espero que
nunca mais se repita
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